26 Novembro

O OUTRO APÓS O ÚLTIMO

Alexandra Costa, Bárbara Flores

ESAP

Quem procura aproximar-se do seu próprio passado soterrado tem de se comportar como um homem que escava.

– Benjamin, W. in Escavar e Recordar

Traça-se um percurso visual sem ponto de partida e de chegada a um universo aberto de perguntas sobre a veracidade da história, a ausência de um único relato e ainda sobre a experiência de criação como um ato de narração que problematiza a constante contradição entre o narrador e o espetador, o objeto a ser observado e aquele que o observa. Um andar intuitivo e intencional por percursos múltiplos e dimensionados em planos em linhas presentes e ausentes da imagem, sob uma atitude asceta mas de compromisso. Um encontro presencial com o mundo fenoménico em que a paisagem se acha imersa nas coisas. Um fragmento de paisagem ou uma porta que dá para um interior bem iluminado. No interior múltiplas vias de figuração. Dentro e fora, visível e invisível. Cópia fiel de realidade ou a sua deformação subjetiva.  Um orifício através do qual alguma vem, de dentro da imagem e nos atinge, retirando-nos da posição de passividade.

A observação ora vigilante, ora curiosa. Somos também observados pela imagem, pela relação de alteridade das imagens. Toda a vida produzimos e reproduzimos gestos, imagens, objetos ou sons. Escavar e revolver na história. Ser a imagem, a nova imagem, a outra imagem, a imagem morta, a imagem aberta, a imagem contínua.

Alexandra Costa

Alexandra Costa nasceu em 1991 em Vila Nova de Gaia. Frequenta atualmente o Mestrado em Artes Visuais, Práticas Artísticas e Investigação. Concluiu a pós-graduação em Arte Contemporânea na Escola Superior Artística do Porto em 2016. Participou na 18ª Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira com a obra Um lugar comum, no ARTS Sevilha, 2016 e na 19ª Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira. Integrou a exposição coletiva PROJECTOS_PROCESSOS_PROPRIEDADES | Espaço Mira – julho de 2017 e “A ALGUNS PASSOS COMO SE FOSSE MUITO LONGE” – Palacete Viscondes de Balsemão, Encontros da Imagem, setembro-outubro 2017 com o projeto Estudos sobre a entropia. Para uma hipótese de arte como sintropia e participa no ARTS Sevilla 2017, com o mesmo projeto. Participou também da exposição coletiva SEM IMAGO MUNDI. ANTES UM DESVIO ALEATÓRIO, no Planetário do Porto, de outubro a novembro de 2018. Em 2021, foi artista residente no PROJECTO TOMATE: corpo, trabalho, pobreza com curadoria de Eduarda Neves. No mesmo ano participa na exposição coletiva “Nem noite nem dia ou como estar de frente para o relógio.”, integrada no programa do Mês da Imagem do Porto.

Bárbara Flores

Bárbara Flores nasceu em 1981 em Coimbra. Frequente atualmente o Mestrado em Artes Visuais, Práticas Artísticas e Investigação, na Escola Superior Artística do Porto. Licenciada em Artes Visuais – Fotografia na mesma escola, em 2021. Foi artista residente no PROJETO TOMATE: corpo, trabalho e pobreza com curadoria de Eduarda Neves e com bolsa de iniciação à pesquisa do Centro de Estudos Arnaldo Araújo. Em 2021 participou na exposição coletiva Guarda Sóis, na Galeria Espaço Mira no Porto, com uma obra intitulada Carta da Prisão. Com o mesmo trabalho participou na Ágora Bienal de Arte Contemporânea da Maia 2021. No mesmo ano participa na exposição coletiva “Nem noite nem dia ou como estar de frente para o relógio.”, integrada no programa Mês da Imagem no Porto.