No dia 12, sábado, dedicamos o dia aos Livros de Fotografia organizando toda a tarde uma Feira do Livro de Fotografia e o lançamento de três livros:
- 15h “Ingenium” de António Bracons
- 17h “Despedido” e “A Noite Magoa” de Valter Vinagre
INGENIUM
António Bracons
Gosto da ideia de construção e o que dela existe nos movimentos normais. Agrada-me a palavra ‘engenharia’ e o que ela representa: não saias de um sítio sem deixares algo atrás de ti.
Gonçalo M. Tavares, Os Herdeiros de Saramago, 2000
Há muito se sabe, aliás, que todas as invenções materiais são uma forma de dar razão à imaginação; e aqui o dar razão pode ser entendido à letra: é dar racionalidade ao que parece irracional. Mais do que isso: dar materialidade ao imaterial: pôr tijolos no espaço das ideias. Engenharia: filha da imagem.
Gonçalo M. Tavares, Atlas do Corpo e da Imaginação, 2013
Ingenium. Engenho. Engenharia.
Desde sempre o homem procurou técnicas para conseguir o que queria, o que precisava: as habitações, para abrigar a família; as muralhas, castelos e fortes, para garantir a sua segurança e se defender; os templos, locais de culto e devoção; as pontes, para atravessar os rios – para falarmos apenas de alguma construção. “A necessidade aguça o engenho”, diz o dito popular e assim é: a procura de soluções é constante. Os romanos solucionaram a construção do arco perfeito: construíram pontes e edifícios mais amplos com vãos maiores; a construção do arco em ogiva, na Idade Média permitiu igrejas mais altas, o que obrigou a reforços, os contrafortes, e com eles, surgiram as naves laterais e edifícios mais leves. Sempre a construção em pedra ou tijolo. O aço, no séc. XIX, permitiu construções ainda mais ligeiras, mais rápidas e económicas, maiores e mais altas: pontes, edifícios industriais e habitacionais. O betão armado, molda-se a quase todo o tipo de formas e dimensões… O desenvolvimento tecnológico, de materiais e informático, leva ao constante desenvolvimento de soluções, à maior garantia de segurança, a maior economia, à obtenção de soluções para problemas que antes eram impossíveis de resolver.
Se é verdade que a engenharia está sempre presente em qualquer obra, há algumas de significativa complexidade técnica, nas quais a engenharia supera-se, aplicando soluções complexas ou buscando novas soluções e novos métodos de cálculo.
Como engenheiro civil, nomeadamente nos primeiros anos de trabalho, estive ligado a algumas obras de significativa complexidade técnica. Fotografei essas obras: as estruturas de contenção, o existente que tinha de ser removido ou que ficava, elementos a desmontar para posterior colocação, a realização da estrutura das novas edificações, a forma dada pelo betão…
A partir das reflexões de Gonçalo M. Tavares sobre a engenharia, que, na verdade, são comuns a qualquer processo criativo, “Ingenium” é um olhar sobre estas obras e, ao mesmo tempo, sobre o papel fundamental da engenharia.
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DESPEDIDO
Valter Vinagre
Despedido foi realizado em 2007, quando o fotógrafo documentou a destruição da Feira Popular, em Lisboa, obtendo para tal uma autorização de acesso por parte da entidade gestora, a Braga Parques. O simbolismo do local, enquanto democratização do espaço lúdico, e a enorme polémica que decorreu da decisão camarária, em 2003, de proceder à sua desativação, justificavam este último olhar sobre as ruínas do que fora então a Feira. Tratava-se, além disso, de documentar mais uma transformação do espaço público da cidade, cedendo à pressão da especulação imobiliária.
Ao deambular pelo vasto espaço, Valter Vinagre encontrou, entre os vários escombros, um conjunto de registos dos empregados da empresa de Divertimentos Mecânicos Águia, que desenvolvia a sua atividade no recinto. O encontro fortuito com este material documental conferiu, de imediato, uma nova e complementar abordagem àquele lugar, e a alguns dos seus protagonistas. (…)
(…)A galeria de trabalhadores anónimos percorre várias gerações, e deve reportar-se às décadas de 70, 80 e 90 do século XX. Significativa é também a ausência das mulheres deste universo documental, apenas uma imagem feminina sobressai no conjunto. Despedido, não reflete apenas sobre as mudanças sociais do capitalismo atual, mas vincula-se, também, a uma matriz histórica da fotografia enquanto luta social. E é essa matriz reinventada, que elucida e torna operativos muitos dos enunciados documentais da fotografia contemporânea. (…)
In A Luta da Fotografia com o Real
Emília Tavares
in DESPEDIDO de Valter Vinagre
Edição Pierrot le Fou, Porto 2022
O livro DESPEDIDO é uma edição da Pierrot le Fou com sede no Porto. O texto é de Emilia Tavares, tem uma tiragem de 300 exemplares e a coordenação editorial foi de Susana Lourenço Marques e Pedro Bandeira. O Design é de Susana Lourenço Marques
Capa dura com sobrecapa. Cozinho á linha e colado na lombada. 56 páginas 4/4cores + uma separata com a tradução do texto para inglês.23X34cm (aberto)
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A NOITE MAGOA
Valter Vinagre
O trabalho que realizei com os 5ªPunkada, a que dei o título “A NOITE MAGOA” não pretende ser sobre a banda. Gostaria que fosse entendido como uma aproximação aos músicos. Á sua resistência, á sua abnegação, á sua capacidade de enfrentar as dificuldades próprias da sua condição e dizer não á discriminação. Foi assim que encarei o desafio e esta a melhor maneira que encontrei para dar resposta á sua provocação – Somos Punks ou não?
O livro A NOITE MAGOA é uma edição da Omichord, Leiria, Junho 2022. O texto é de Luis Pedro Cabral, tem uma tiragem de 500 exemplares. O Design é de Paulo Passos. Napperon
Capa dura. Cozido à linha e colado na lombada. 92 páginas P/B. 24X34cm (aberto)