Fotografias de Cena de filmes da Escola do Porto (1992 — 2002)
A minha primeira lembrança do Celestino é a de o ver sentado com o José Luís Amorim, na soleira de uma porta na Rua de Belomonte, junto à tasca da Mariazinha, isto no início dos anos 90. Eram alunos do curso de Fotografia da ESAP, e o Celestino nessa altura com a máquina fotográfica sempre na mão, destacava-se.
Durante mais de uma década, foi o nosso fotógrafo de cena, e não só, e assim nos acompanhou nessa trajectória fílmica, a que chamaríamos, mais tarde, a escola do Porto.
Foram dezenas de filmes, fotografados pelo Celestino, em que as componentes culturais e artísticas, estavam sempre presentes. Além de ser um excepcional impressor, a sua comunhão artística era evidente: Apolo e Dionisus, presente.
Foi o maior fotógrafo da escola do Porto, mais tarde continuado pela novel Mariana Figueroa e também com o já citado José Luís Amorim, Jorge Quintela, Paulo Pimenta e outros, que pontualmente fotografavam.
A sua obra é avassaladora, em quantidade e qualidade, o que para nós, cineastas, era uma garantia no acompanhamento que a fotografia de cena sempre dá aos filmes. Imprescindível como meio para a divulgação fílmica, mas também porque está atenta aos pormenores que naturalmente escapam às filmagens, uma meta-imagem, ao fim e ao cabo.
Mas a comunhão com os realizadores da escola do Porto, não se resumiu só à fotografia. As performances em que colaborou, principalmente nos Festivais de Cinema da Figueira da Foz, foram notáveis, destacando também uma exposição de fotografias de cena da escola do Porto, no Forte da Figueira, no âmbito do Festival.
Foi um companheiro leal durante anos, tendo inclusive suportado do seu bolso todas as despesas do processo fotográfico. Bem-hajas, Celestino Monteiro e da minha parte um abraço sincero de amizade pela companhia que proporcionaste.
O teu nome está “grafado a oiro” na escola do Porto.
Sério Fernandes | Novembro 2022